terça-feira, maio 09, 2006
De canto de olhos
Era um dia comum. Na verdade início do dia, sol surgindo, tímido, com raios que se misturavam as nuvens azuis, construindo um céu de tom avermelhado. O vento quente, de final da primavera, soprava, levantado a areia vermelha da estreita estrada, caminho que normalmente nos levava para fora.
Lá estava eu novamente saindo, pra sempre, talvez. Talvez? É, por não saber o que encontraria ou , talvez, porque apenas não sabia. Saber, era uma palavra sem significado para aquele momento. Então só restava dar um passo após o outro.
Passos pra o futuro, que dali alguns instantes se tornariam apenas pegadas que o vento ou o tempo se encarregaria de apagá-las. Então em uma última olhada para trás, quase que pelo canto dos olhos, percebi, o vento ainda não as havia apagado. O coração bateu forte, bateu no compasso das lembraças doces e ensossas que pulavam dentro de minha memória, e por um instante eu quis recuar, fechei os olhos, pensei: "Poderia recuar, mas se o fizesse abriria mão do bom sentido da vida, continuar".
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