domingo, julho 27, 2008

Notícias de uma Guerra Particularmente NOSSA

Concordo com Roosevelt, "entre a paz e a justiça, fico com a justiça". Notícias de uma Guerra Particular, João Moreira Salles e Kátia Lund, eleito um dos melhores filmes brasileiros da atualidade pela Revista de Cinema; nos dá uma nova visão sobre justiça.

O documentário é uma demonstração referente as nossas debilidades e incompetências como concidadãos, falo isso porque não parece safo nos abster da responsabilização. Pensar a sociedade é nosso dever, mas buscar soluções é nossa obrigação!

Não é um fato novo a preocupação de todos os cidadãos e autoridades com a violência cotidiana que a sociedade enfrenta. Embora quem sofra não saiba.

O enredo se constrói entre entrevistas com os envolvidos, traficantes e policiais –convergindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas da segurança pública. A Realidade denuncia um conflito social em todos os seus nuances, fazendo claro uma guerra sem possíveis vencedores.

Acredito ser simplista a idéia que diz ser a violência urbana conseqüência das questões econômicas apenas. Segundo Darcy Ribeiro, no texto Sobre o Óbvio, é uma questão de entendimento de valores e prioridades, o povo brasileiro parece nunca ter sido uma prioridade em nosso país.

Na Declaração de 1948, o ser humano transforma-se em sujeito de direito na comunidade internacional para ser protegido. Esta garantia está plenamente indicada em todo o conjunto de convenções e tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil e também no Programa Nacional de Direitos Humanos do governo brasileiro. Cito então um dos fundamentais dos direitos humanos: o direito a vida, sem o qual todos os outros direitos tornam-se inúteis, palavras mortas.

Não sei o que se entende por "vida" nesse caso. O dicionário Aurélio descreve vida como conjunto de propriedades e qualidades graças às quais se mantém em atividade; o que me faz pensar é que a "vida" que é citada em nossos direitos humanos é entendida, muitas vezes, como "sobrevivência". Explico. Quando achamos que as pessoas nas favelas só desejam comida e um lugar para morar, negamos a integralidade delas como seres humanos que possuem necessidade além das físicas, necessidade sociais de afeição e inclusão, e ainda necessidades pessoais de conhecimento e realização.

Mas concordo que é difícil ver além disso quando acreditamos ou somos levados acreditar que a teoria do neoliberalismo tenha resposta para solucionar tais problemas. É verdade quando falamos que nossa estruturas de administração econômica precisa ser revista, mas precisamos olhar para outras áreas - família, educação.

No entanto, repito, é uma questão de prioridade, se o brasileiro for a prioridade em nosso país, a economia poderá mudar, a política poderá mudar. A estabilidade em nossa pátria envolve uma reforma de valores.

Precisamos mudar de uma sociedade orientada para o "metal" [entenda-se ouro] para uma sociedade orientada às "seres humanos".

Quando máquinas e tecnologias, lucro e propriedade são considerados mais importantes que as pessoas, todos os tipos de preconceitos, a desigualdade social e a corrupção política não podem ser derrubados. Uma nação pode afundar em violência tão prontamente pela crise ética quanto pela crise financeira. Para quê a paz quando não há justiça?!

Notas:
1- Ribeiro, Darcy – Sobre o Óbvio
2- Direitos Humanos

sábado, julho 19, 2008

Polêmica da Semana




A charge gera conflito. E a preocupação de Bill Burton é com o entendimento que os leitores tiveram.
Realmente, a linguagem irônica nem sempre se faz entender em primeira instância, mas será que foi esse o ponto crítico!?!
New Yorker põe na capa Obama vestido de muçulmano

A charge, assinada por Barry Blitt, mostra Obama com uma vestimenta tradicional muçulmana - sandálias, bata e turbante. Já Michelle aparece com roupa camuflada, botas usadas em combate e portando um rifle - o cenário da ilustração é o Salão Oval da Casa Branca. O casal está se cumprimentando com uma batida de punhos, em frente de uma lareira onde arde uma bandeira dos EUA. Sobre a lareira há uma foto do terrorista Osama bin Laden pendurada na parede.

"A New Yorker pode pensar, como um de seus funcionários explicou para nós, que a capa deles é uma sátira da caricatura que os críticos de direita do senador Obama tentam criar", disse Bill Burton, porta-voz da campanha do democrata. "Mas a maioria dos leitores verão isso como de mau gosto e ofensivo. E nós concordamos."

Em comunicado divulgado hoje, a revista alegou que a capa "combina várias imagens fantásticas sobre os Obamas e mostra as óbvias distorções que elas são". "A sátira é parte do que nós fazemos, e ela deve trazer coisas para o público, colocar um espelho que reflita o preconceito, o ódio e o absurdo. E esse é o espírito dessa capa", alegou o texto distribuído pela New Yorker. O comunicado também lembrou os dois textos assinados por Obama na mesma edição, qualificando-os como "muito sérios".


Matéria publicada segunda-feira, 14 de julho de 2008, 13:32 | Estadão Online