
Era um dia comum. Na verdade início do dia, sol surgindo, tímido, com raios que se misturavam as nuvens azuis, construindo um céu de tom avermelhado. O vento quente, de final da primavera, soprava, levantado a areia vermelha da estreita estrada, caminho que normalmente nos levava para fora.
Lá estava eu novamente saindo, pra sempre, talvez. Talvez? É, por não saber o que encontraria ou , talvez, porque apenas não sabia. Saber, era uma palavra sem significado para aquele momento. Então só restava dar um passo após o outro.
Passos pra o futuro, que dali alguns instantes se tornariam apenas pegadas que o vento ou o tempo se encarregaria de apagá-las. Então em uma última olhada para trás, quase que pelo canto dos olhos, percebi, o vento ainda não as havia apagado. O coração bateu forte, bateu no compasso das lembraças doces e ensossas que pulavam dentro de minha memória, e por um instante eu quis recuar, fechei os olhos, pensei: "Poderia recuar, mas se o fizesse abriria mão do bom sentido da vida, continuar".

